Embusen e forma

Um tema simples e direto, Embusen e forma. 

Relembrando que o termo Kata se traduz pela palavra forma, sendo mais específico, movimentos de defesas e ataques, bases e movimentações. (Definição teórica básica, na prática temos mais definições a acrescentar)

Faça um exercício na sua cabeça, pegue a primeira forma que você aprendeu, e descreva passo a passo os movimentos aprendidos, descreva como se você estivesse parado no mesmo lugar durante toda a execução. 

Vamos repetir o exercício, agora considerando apenas o Embusen do Kata, deixando de fora a forma.

Embusen e forma são executados de modo conjunto, mas podem e devem ser analisados de modo separado, tudo dependendo do cenário proposto.

Vamos a outra simples análise, pegarei como exemplo a forma Gekisai, novamente as seis primeiras movimentações.

Em dois momentos em sua execução, somos obrigados ora a virar para os lados, ora a recuar.

Como já abordamos em outros artigos, um Kata estabelece apenas um agressor, sim não existe nenhuma técnica para ser usada em um combate com desvantagem tática, e para resolver o conflito com o máximo de eficiência e com o mínimo de prejuízo, precisamos ser bem ofensivos.

Então como devemos interpretar essas mudanças de direção?

Simples, executamos os mesmos movimentos para os dois lados, denotando bilateralidade, que se resume em aplicarmos uma manobra para um dos dois lados, em caso de fracasso, adaptamos a mesma aplicação para o outro lado, uma troca continua até obtermos sucesso.

Você pode perceber o que foi descrito até então assistindo a primeira parte do video abaixo. (Note que a primeira parte é a única do video que não obedece o Embusen, as demais já estão considerando a direção proposta do Kata)

Outro ponto a discutir sãos os movimentos de defesas e ataques, depois de todos os fundamentos aprendidos Atemi Waza, Uke Waza, Keri Waza, qual a proposta por cada um deles dentro de um Kata? Resposta simples, tudo depende do cenário proposto, é ele que irá trazer a intenção de um movimento de defesa ou ataque.

Exemplificando, você pode usar um Kizame Zuki como manobra defensiva a um ataque vindo por uma de suas laterais, ou um Soto Uke como manobra ofensiva com o objetivo de acertar na lateral de uma cabeça.

Mesmo que um ataque proposto esteja sendo direcionado ao rosto, não significa que não podemos buscar outras brechas, repetindo, tudo depende do cenário proposto.

Um último ponto, uma técnica proposta pelo Kata pode ser adaptada, sem necessariamente perder a sua intenção. Se em um dado movimento é proposto um Kizame Zuki, e você sentir mais confiança usando um Teisho Zuki, não continuamos com um movimento frontal e direto? (O conceito se preserva)

Essas premissas abordadas já foram afirmada por diversos mestres, Choki Motobu, Mebuni Kenwa, Chojun Miyagi, etc, todos já nos deixaram, mas podemos acompanhar um mestre da atualidade colocando em prova tudo que foi descrito nesse artigo, Masaji Taira. Não fazemos parte de seu grupo, somos uma escola independente, o que não significa que os devidos créditos a um trabalho bem desenvolvido não possam ser dados. 

Voltando ao tema e também concluindo a ideia, pegue um Kata, quebre um trecho para estudo, e o execute seguindo fielmente seu Embusen e sua forma proposta, e muitas aplicações serão achadas. 

Agora, desconsidere esses dois pontos de restrição, e um universo de conceitos serão achados. (Como exemplo no video abaixo, a partir dos 0:27 segundos)

Talvez seja esse um dos motivos que muitos praticantes, e me incluo nessa estatística, dedicam suas vidas para estudar essa arte marcial com possibilidades ilimitadas, e que conhecemos hoje pelo nome Karate.