Um tema interessante, e para isso precisamos analisar um pouco alguns fatos históricos.
(Primeiramente, precisamos visualizar duas restrições, o biotipo de um praticante e sua flexibilidade, onde por mais que o treinamento correto seja realizado, ainda assim não seja possível conseguir executar chutes com tanta desenvoltura e facilidade, ou até mesmo sentir uma imensa dificuldade em mesclar esse tipo de ataque ao seu jogo de combate)
Pois bem, vamos levar em consideração a proposta base do Karate como uma arte de defesa pessoal, onde recursos com as pernas raramente são considerados, salvo quando opções como joelhadas, pisões e varridas de perna se tornam uma ação rápida dentro de uma brecha evidentemente clara.
Vamos avançar alguns anos até o ponto que o Karate foi recebido pelo Japão, sofrendo todo um processo de reestrutura e padronização, sendo seu foco modificado para ser uma atividade educacional e esportiva, adicionando elementos como uma maior distância de combate, movimentação mais ativa e quebrada, e golpes bem mais longos.
Pronto, dentro de uma mesma arte, chegamos a duas visões completamente opostas, que são classificadas de modo equivocado como Karate tradicional e Karate moderno, ou desportivo. No entanto, acredito que uma melhorar classificação se daria pelos termos Karate Jutsu e Karate Do.
A primeira sendo um sistema de combate primitivo, com conceitos bem estabelecidos em desestruturação, controle do oponente, e fortes movimentos de impacto, já a segunda se fixando em uma arte marcial com princípios morais, construção do carácter, budo, treinamento do corpo almejando a longevidade e perfeição dos movimentos.
Voltemos agora ao tópico do artigo com a seguinte pergunta, de acordo com os fatos, existe alguma regra de qual ênfase dar a um chute?
As respostas podem variar dependendo do cenário, por exemplo dentro da sua academia, em um ambiente controlado, você pode treinar diferentes situações, sem medo de errar, o que não se torna verdade quando sua vida depende disso.
(Verdade seja dita, deve ser levado em consideração que o resultado que pode ser obtido chutando mais alto é diretamente proporcional ao risco que estaremos correndo, visto que sua perna tende a possuir um poder de ataque bem mais forte em relação aos seus braços, mas cometer um pequeno deslize que seja é garantia de um enorme prejuízo)
Uma opinião que tenho é a seguinte, gosto bastante de treinar chutes mais baixos, me excedendo a no máximo uma ou duas joelhadas conforme a distância diminui, no entanto, brechas a pontos mais altos podem aparecer, e estar preparado e ter confiança para aproveitar a oportunidade é de um todo interessante.
De todo o modo, chutes altos são ótimos para soltar e aprender a controlar o seu quadril, recurso que você utiliza para qualquer que seja a técnica praticada, independente da arte marcial, pois tudo na esfera de uma luta, depende do seu quadril.
É isso, não existe uma receita de bolo, use seu treinamento a seu favor, corra o mínimo de riscos, crie e aproveite bem as brechas, são pequenos detalhes como esse que geralmente passo para que meus alunos tenham um melhor discernimento do que fazer, e como fazer.